segunda-feira, 29 de novembro de 2010

(1986) - The Hitcher

 

Original Title: The Hitcher
Portuguese Title: Terror na Auto-Estrada
Year: 1986
Director: Robert Harmon
Writer: Eric Red
Cast: Rutger Hauer, C. Thomas Howell, Jennifer Jason Leigh
Country: USA
Runtime: 97 min




“Never pick-up a stranger”
Jim Halsey (C. Thomas Howell) atravessa o deserto norte-americano com a missão de ir entregar o carro que conduz ao outro lado do estado. A viagem é longa e o cansaço começa a fazer sentir-se. Ao fechar os olhos por breves momentos, Jim apanha grande susto ao deparar-se com um camião à sua frente. Contudo, consegue ter sangue frio e os reflexos necessários para evitar a morte.

Após este valente susto, Jim vê uma pessoa na berma da estrada a pedir boleia. Por momentos hesita entre parar ou continuar. No entanto, esta hesitação dura pouco tempo e Jim acha que precisa de uma companhia para falar e evitar sustos como o que teve anteriormente.

“My mother told me to never do this” é com esta frase de boas-vindas e em jeito de brincadeira que Jim abre a porta do seu carro a este desconhecido.

Esta frase memorável é bastante familiar a todos nós. Realmente, se há coisa que as nossas mães nos dizem desde pequenos é “não fales com estranhos” e a mãe de Jim certamente lhe deve ter dito o mesmo. Infelizmente, Jim não seguiu este conselho e acaba de cometer o maior erro da sua vida.

O homem a quem Jim dá boleia é John Ryder (Rutger Hauer), um individuo com um ar misterioso. Jim tenta puxar conversa mas Ryder é de poucas palavras, o que deixa o jovem embaraçado e cada vez menos à vontade no seu próprio carro.

John Ryder: Gas stations have cigarettes.
Jim Halsey: What about gas?
John Ryder: I don't need gas.
Jim Halsey: What do you want?
Jim Halsey: What's so funny?
John Ryder: [Stops Laughing] That's what the other guy said.
Jim Halsey: What other guy?
John Ryder: That guy back there, the one we just passed. The guy who picked me up before you did.
Jim Halsey: That was him in there?
John Ryder: Sure it was. He couldn't have walked very far.
Jim Halsey: Why's that?
John Ryder: Because I cut off his legs... and his arms... and his Head. And I'm going to do the same to you.

Com a conversa a ficar cada vez mais estranha e assustadora, o jovem Jim começa a perceber que foi uma má ideia deixar entrar aquele homem no carro e convida-o a sair. Infelizmente para Jim é tarde de mais e John Ryder recusa-se a sair. De forma intimidante diz mesmo que “I'm going to sit here. And you're going to drive.”

Jim está agora prestes a entrar numa viagem com um único destino, o inferno. A sua vida está nas mãos deste psicopata. Ao longo desta longa viagem, John Ryder vai-se divertir bastante a matar toda a gente com quem Jim mantêm contacto, deixando ficar este como o principal culpado destes cruéis actos. Conseguirá Jim escapar deste louco e provar a sua inocência? 


Apesar de ser um dos filmes mais subestimados dos anos 80, The hitcher é na verdade um thriller raro e bastante inovador em vários aspectos. O filme não perde tempo em detalhes desnecessários que podiam desviar a atenção do espectador. Não se preocupa em explicar as motivações de cada personagem. Exemplo disso é a cena em que Jim procura a Ryder o porquê de ele estar a fazer aquilo, ao que ele responde "You're a smart kid - you figure it out.", estimulando assim cada um de nós a construir as nossas próprias interpretações racionais. 


The Hitcher foi a estreia de Robert Harmon como realizador. As filmagens do filme estão perto da perfeição e é fácil perceber que Harmon era fotógrafo antes de se estrear como realizador. Os movimentos de câmara feitos de uma forma tão suave criam uma atmosfera absorvente e garantem um clima de tensão ao longo de todo o filme.

O filme é bastante equilibrado e gere de forma cuidadosa as suas sequências de acção. Temos um posto de gasolina a explodir, uma intensa perseguição de carros da polícia, e ainda a clássica cena em que Jim está a comer batatas fritas. Sobre esta inesquecível cena não me vou alargar em muitos pormenores e nem vou tentar descrevê-la (quem viu o filme sabe exactamente do que estou a falar).

O elenco é sem dúvida um dos pontos fortes deste filme, sem ele este filme nunca teria o impacto que teve. Com uma má escolha de actores, este filme facilmente seria esquecido. Contudo e felizmente fizeram-se as escolhas acertadas e cada elemento correspondeu à altura. Houve outros que foram para além das expectativas, como é o caso da inagualável performance que Rutger Hauer teve neste filme.


Rutger Hauer tem a reputação de interpretar alguns dos vilões mais memoráveis do cinema como por exemplo em Blade Runner e Nighthawks, mas este é sem dúvida o seu melhor desempenho. A sua personagem, John Ryder, não tem qualquer tipo de motivo para fazer o que está a fazer, e é isto que o torna um dos vilões mais doentios da história do cinema. A forma como ele sempre encontra Jim é algo enervante e inexplicável. É quase como que se os caminhos daquela longa estrada tivessem sido feitos para ele se cruzar com o jovem indefeso. Hauer é brilhante na forma como interioriza este personagem. Tem neste filme um daqueles papéis que marca toda uma carreira conseguindo imortalizar esta personagem (John Ryder) na nossa memória. Os diálogos iniciais com Jim são brilhantes. A forma fria e cruel como Hauer se expressa faz-nos suster a respiração por alguns momentos.

C. Thomas Howell, uma das crianças no filme ET, de Steven Spielberg, interpreta o protagonista Jim Halsey. Ele enfrenta o pior pesadelo de qualquer motorista e entrega-se ao papel com realismo. 


Por último, mas não menos importante, temos Jennifer Jason Leigh que interpreta Nash, uma jovem rapariga trabalhadora e a única pessoa que acredita em Jim. Apesar do seu curto papel, Jennifer consegue dar o seu contributo e enriquecer o filme, “roubando” em algumas cenas o protagonismo a Howell. 


Durante uma hora e meia também nós fazemos parte deste jogo doentio. Uma espécie de jogo do gato atrás do rato, no qual no sentimos impotentes por não conseguirmos ajudar Jim a escapar deste louco. Sem dúvida um dos melhores filmes dos anos 80 que apenas obteve o merecido reconhecimento com o passar dos anos. Hoje em dia é um filme de culto e já serviu como fonte de inspiração a bastantes filmes recentes.

Favorite Quotes:

"What's your name? Come on. What's your name? Do you have a name? Do you have a police record? Where are you from?" - Interrogation Sergeant
 
"Disneyland" - John Ryder








Curiosidades:

17 anos depois, surge em 2003 “The Hitcher II: I've Been Waiting” a sequela do primeiro filme, desta vez realizado por Louis Morneau mas que conta novamente com C. Thomas Howell.

 As expectativas para esta sequela eram elevadas. O jovem Jim é agora um ex-polícia (suspenso devido a excessos de violência) e que vive atormentado com o seu passado. Numa tentativa de ultrapassar o seu trauma, ele decide fazer uma viagem com a sua namorada Maggie (Kari Wuhrer) pela mesma estrada onde há vários anos atrás teve a pior experiência da sua vida. Como seria de esperar, Jim vai novamente dar boleia a um desconhecido (Jack – interpretado por Jake Busey) e o pesadelo vai de novo recomeçar.

Apesar de todos os esforços esta sequela não está nem de perto nem de longe à altura do original de 1986. C. Thomas Howell não se entrega à sua personagem como acontece no primeiro filme. Por seu lado, o novo vilão Jack (Jake Busey) é mais cómico do que assustador e apenas nos faz sentir saudades Rutger Hauer.

Das duas uma ou esta sequela nunca devia ter sido feita, ou então, a ser feita nunca devia ter demorado tanto tempo. Perdeu-se toda a essência do primeiro filme, já para não falar que os anos 80 foram os anos de ouro para este tipo de filmes e faria mais sentido uma sequela dentro desta época.


Depois da medíocre sequela de 2003, surge em 2007 o remake. Parece que com o passar dos tempos alguém se lembra de tentar “assassinar” um filme de culto.

Este remake falha em vários aspectos. Em primeiro lugar a falta de experiência do seu elenco. Arranjaram dois modelos aspirantes a actores sem qualquer tipo de carisma (escolinha “morangos com açucar” versão americana) para assim obter receitas com a Barbie e o Ken a fugirem do “maluquinho” a quem deram boleia. Contudo o “maluquinho” ainda é o único que se safa do elenco. John Ryder interpretado por Sean Bean não chega aos calcanhares de Rutger Hauer, mas dentro das suas possibilidades cumpre o papel.

Um remake claramente direccionado para a “geração MTV” e que envergonha os fãs do filme original de 86. Perdeu-se, como acontece em inúmeros casos, a oportunidade de fazer um remake à altura do filme original.

domingo, 21 de novembro de 2010

(1996) - Trainspotting




Year: 1996
Director: Danny Boyle
Writer: Irvine Welsh
Cast: Ewan McGregor, Ewen Bremner, Robert Carlyle, Jonny Lee Miller, Kevin McKidd, Kelly Macdonald, Peter Mullan
Country: UK
Runtime: 94 min






Aviso aos mais preconceituosos:
Este filme é sujo, extremamente violento e com cenas muito pouco agradáveis de se ver. Mas também, um filme sobre viciados em droga, queriam o quê? Um amor proibido de uma rapariga apaixonada por um vampiro?

“Escolha uma carreira, uma família. Escolha uma televisão enorme. Escolha um carro. Escolha um leitor de CDS e um abridor de latas eléctrico. Escolha saúde, colesterol baixo e plano dentário. Escolha viver. Mas por que eu iria querer isso? Escolhi não viver. Escolhi outra coisa. Os motivos? Não há motivos. Quem precisa de motivos quando há heroína?”

É desta maneira que somos transportados para este ambiente alucinante. O nosso “guia-turístico” de serviço, que nos leva a esta viagem, é Mark Renton (Ewan McGregor) um jovem viciado em heroína.


Esquecidos num país secundário no plano europeu e inseridos num mundo aparentemente com as portas fechadas, Mark e os amigos através da heroína tentam abrir algumas portas. No entanto a droga leva-os a entrar num mundo surreal do qual não possuem qualquer tipo de controlo. Marginalidade, desemprego, prisão, Sida e autodestruição é apenas o que existe neste mundo. Esperanças transformadas em ilusões e que conduzem a um único destino, a morte.


Jovens perdidos à procura das suas próprias identidades e que negam os rótulos de cidadãos comuns. No entanto, esta negação e resistência social é feita de uma forma passiva, o que reflecte o total desinteresse dos jovens pela política naquela altura.


É neste contexto que surge o significado de Trainspotting, expressão típica escocesa usada para definir jovens drogados que passavam as suas tardes a observar os comboios nas estações. Trocando isto por miúdos, trainspotting é aquele que desperdiça a sua vida com coisas banais, actividades fúteis que não fazem qualquer sentido e que levam à perda de tempo precioso.

Para quem ainda não viu o filme, é aconselhável abandonar qualquer tipo de ideologia sobre o que define verdadeiramente o cinema, porque este filme, com o seu acelerado enredo, é um desafio a todas as regras de como realizar um filme.

O mais interessante é que Danny Boyle rejeita as típicas técnicas de cinema, e em vez de cair no erro de fazer um filme didáctico, consegue criar um filme que não é nem a favor nem contra as drogas. 


Apesar da sua genialidade pura, Trainspotting, não é um filme fácil de assistir. Somos constantemente “bombardeados” por imagens que nos provocam algum desconforto. Mas estas imagens não são usadas apenas com o pretexto de chocar, elas encaixam-se na perfeição e fazem todo o sentido na história que se pretende contar. Boyle nunca insulta o espectador com cenas de choque simples. Um filme com uma objectividade rara e que permite a cada espectador interpretar a história à sua maneira.

Outro elemento a destacar, é a banda sonora composta por Blur, Lou Reed, Iggy Pop, New Order, Primal Scream, entre outros. Uma banda sonora que explora a frieza, o esquecimento e interage na perfeição com o ambiente vivido por estes jovens.


Baseado no livro de Irvine Welsh, esta obra cinematográfica é uma odisseia de escolhas que se faz na vida e uma desnorteante mistura de sentimentos como expectativas e frustrações a entrarem em conflito na mente destes jovens conduzidos pelo efeito alucinogénico da heroína.

Trainspotting é considerado por muitos como o melhor filme britânico de todos os tempos.

Favorite quotes:

"Thank you, your honor. With God's help I'll conquer this terrible affliction." - Mark Renton (Ewan McGregor)

"1,000 years from now there will be no guys and no girls, just wankers. Sounds great to me." - Mark Renton (Ewan McGregor)

"Phew! I haven't felt that good since Archie Gemmill scored against Holland in 1978" - Mark Renton (Ewan McGregor)









sábado, 20 de novembro de 2010

(1999) - Arlington Road

 Original Title: Arlington Road

Portuguese Title: O Suspeito da Rua Arlington

Year: 1999

Director: Mark Pellington

Writer: Ehren Kruger

Cast: Jeff Bridges, Tim Robbins, Joan Cusack, Spencer Treat Clark, Mason Gamble, Hope Davis.

Country: USA

Runtime: 117 min. 



Your Paranoia is Real

Michael Faraday (Jeff Bridges), professor universitário especialista em terrorismo, vive com a mágoa da sua mulher, uma agente do FBI, ter sido assassinada por um grupo radical num tiroteio. Esta mágoa que o persegue afecta o seu dia-a-dia. A nível profissional é extremamente complicado para Michael abordar a temática do terrorismo diante dos seus alunos. Por sua vez, a nível pessoal a tarefa de lidar com o seu filho Grant Faraday (Spencer Treat Clark) também não é nada fácil. O filho sofre com a perda da mãe e sente que a recente relação do seu pai com Brooke Wolfe (Hope Davis) é a solução para esquecer e substituir a sua mãe por outra pessoa. 


Pouco depois da chegada dos novos vizinhos, Oliver Lang (Tim Robbins) e Cheryl Lang (Joan Cusack), Michael salva o filho destes (Mason Gamble) e torna-se amigo do casal. O filho de Michael cria uma grande afinidade com o filho dos Lang e as visitas à casa deste casal tornam-se constantes.




Após ter apanhado Oliver numa pequena mentira e ver umas plantas de edifícios públicos na casa dos Lang, Michael fica desconfiado de que algo de errado se passa e começa a suspeitar que este casal, à primeira vista acolhedor, têm na verdade um plano terrorista agendado. 

Serão os seus vizinhos terroristas? Ou será a dor pela perda da mulher que leva Michael a afundar-se para além do estado de paranóia?

Arlington Road perde-se em alguns momentos, mas são vários os motivos porque vale a pena assistir ao filme.

O primeiro prende-se com o facto de ser um filme de 1999, ou seja, dois anos antes do atentado ao World Trade Center em 2001. E sim, podem começar a dizer “mas já antes do 11 de Setembro que se falava em terrorismo e as torres também foram atacadas em 1993” ao que eu respondo “sim falar até se falava mas a ideia que se tinha era que o terrorismo era apenas um grupo de “maluquinhos mascarados” que de vez em quando lá se lembravam de rebentar com alguma coisa, não sendo por isso visto como uma ameaça constante. É por isso de valorizar um filme que nos fornece informação sobre um tema até então abstraco e desconhecido para alguns, e que nos introduz a ideia de o terrorismo estar mais perto de nós do que pensamos e quem sabe na porta mesmo ao nosso lado.

Com um argumento complexo que deixa muitas questões no ar, é necessário um elenco que cumpra com rigor. Jeff Bridges consegue ser coerente no papel de interpretar uma personagem bastante instável em crescente estado de paranóia. Bridges cumpre na perfeição o papel de homem perturbado. Do outro lado da barricada, o suposto “mau da fita” é desapontante. Tim Robbins consegue ser credível e até convicente em alguns momentos, mas depois “espeta-se ao comprido” numa representação em que o recurso ao exagero é predominante, criando assim uma personagem confusa e de difícil compreeensão para o público.

A verdadeira surpresa do filme acaba por ser Joan Cusack que nos oferece uma prestação absolutamente fenomenal, e ainda nos proporciona a cena mais arrepiante de todo o filme. A quem estava habituado a vê-la associada a papéis mais descontraídos e banais em filmes cómicos, ao fim de a ver neste filme, tira-lhe o chapéu sem dúvida.

De uma maneira geral, o filme têm dois pontos altos, que curiosamente são o início e o final. A sequência de abertura é absolutante aterradora e prende qualquer um ao ecrã a pensar para si “que filme é este?” Arrisco-me mesmo a considerá-la uma das melhores sequências iniciais de sempre. Quanto ao final, é a principal razão que faz deste filme um excelente triller, o seu fim absolutamente imprevisível e que nos recompensa totalmente por alguns momentos monótonos e desnecessários que nos desiludiram um pouco durante o filme.

Favorite Quotes:

“Never wiser than when we're children. They say it and it's true. We'll never see things that clear again.” – Oliver Lang (Tim Robbins)

“I'm a messenger Michael, I'm a messenger! There's millions of us, waiting to take up arms, ready to spread the word... millions of us!” – Oliver Lang (Tim Robbins)


terça-feira, 16 de novembro de 2010

let the show begin...

On every street... In every city... There's a nobody... Who dreams of being somebody...

Bem-Vindos ao meu Blog!