Year: 1996
Director: Danny Boyle
Writer: Irvine Welsh
Cast: Ewan McGregor, Ewen Bremner, Robert Carlyle, Jonny Lee Miller, Kevin McKidd, Kelly Macdonald, Peter Mullan
Country: UK
Runtime: 94 min
Aviso aos mais preconceituosos:
Este filme é sujo, extremamente violento e com cenas muito pouco agradáveis de se ver. Mas também, um filme sobre viciados em droga, queriam o quê? Um amor proibido de uma rapariga apaixonada por um vampiro?
“Escolha uma carreira, uma família. Escolha uma televisão enorme. Escolha um carro. Escolha um leitor de CDS e um abridor de latas eléctrico. Escolha saúde, colesterol baixo e plano dentário. Escolha viver. Mas por que eu iria querer isso? Escolhi não viver. Escolhi outra coisa. Os motivos? Não há motivos. Quem precisa de motivos quando há heroína?”
É desta maneira que somos transportados para este ambiente alucinante. O nosso “guia-turístico” de serviço, que nos leva a esta viagem, é Mark Renton (Ewan McGregor) um jovem viciado em heroína.
Esquecidos num país secundário no plano europeu e inseridos num mundo aparentemente com as portas fechadas, Mark e os amigos através da heroína tentam abrir algumas portas. No entanto a droga leva-os a entrar num mundo surreal do qual não possuem qualquer tipo de controlo. Marginalidade, desemprego, prisão, Sida e autodestruição é apenas o que existe neste mundo. Esperanças transformadas em ilusões e que conduzem a um único destino, a morte.
Jovens perdidos à procura das suas próprias identidades e que negam os rótulos de cidadãos comuns. No entanto, esta negação e resistência social é feita de uma forma passiva, o que reflecte o total desinteresse dos jovens pela política naquela altura.
É neste contexto que surge o significado de Trainspotting, expressão típica escocesa usada para definir jovens drogados que passavam as suas tardes a observar os comboios nas estações. Trocando isto por miúdos, trainspotting é aquele que desperdiça a sua vida com coisas banais, actividades fúteis que não fazem qualquer sentido e que levam à perda de tempo precioso.
Para quem ainda não viu o filme, é aconselhável abandonar qualquer tipo de ideologia sobre o que define verdadeiramente o cinema, porque este filme, com o seu acelerado enredo, é um desafio a todas as regras de como realizar um filme.
O mais interessante é que Danny Boyle rejeita as típicas técnicas de cinema, e em vez de cair no erro de fazer um filme didáctico, consegue criar um filme que não é nem a favor nem contra as drogas.
Apesar da sua genialidade pura, Trainspotting, não é um filme fácil de assistir. Somos constantemente “bombardeados” por imagens que nos provocam algum desconforto. Mas estas imagens não são usadas apenas com o pretexto de chocar, elas encaixam-se na perfeição e fazem todo o sentido na história que se pretende contar. Boyle nunca insulta o espectador com cenas de choque simples. Um filme com uma objectividade rara e que permite a cada espectador interpretar a história à sua maneira.
Outro elemento a destacar, é a banda sonora composta por Blur, Lou Reed, Iggy Pop, New Order, Primal Scream, entre outros. Uma banda sonora que explora a frieza, o esquecimento e interage na perfeição com o ambiente vivido por estes jovens.
Baseado no livro de Irvine Welsh, esta obra cinematográfica é uma odisseia de escolhas que se faz na vida e uma desnorteante mistura de sentimentos como expectativas e frustrações a entrarem em conflito na mente destes jovens conduzidos pelo efeito alucinogénico da heroína.
Trainspotting é considerado por muitos como o melhor filme britânico de todos os tempos.
Favorite quotes:
"Thank you, your honor. With God's help I'll conquer this terrible affliction." - Mark Renton (Ewan McGregor)
Favorite quotes:
"Thank you, your honor. With God's help I'll conquer this terrible affliction." - Mark Renton (Ewan McGregor)
"1,000 years from now there will be no guys and no girls, just wankers. Sounds great to me." - Mark Renton (Ewan McGregor)
"Phew! I haven't felt that good since Archie Gemmill scored against Holland in 1978" - Mark Renton (Ewan McGregor)
Um filme que já vi há muito, muito tempo mas ainda me lembro da sensação que descreveste, o incómodo generalizado causado pela crueza das imagens. Acho que todo o filme dá a sensação do título, parece que estivemos "trainspotting" durante quase 2h e no fim sentimo-nos culpados por ter enrolado aquela ganza.
ResponderEliminarOu não.
Isto de ser anónimo é espectacular!!!
Concordo plenamente e comentários dessa natureza complementam e enriqueçem o contudo do artigo anteriormente postado por mim.
ResponderEliminar(os anónimos também são bem-vindos ao blog xD)