Original Title: The Hitcher
Portuguese Title: Terror na Auto-Estrada
Year: 1986
Director: Robert Harmon
Writer: Eric Red
Cast: Rutger Hauer, C. Thomas Howell, Jennifer Jason Leigh
Country: USA
Runtime: 97 min
“Never pick-up a stranger”
Jim Halsey (C. Thomas Howell) atravessa o deserto norte-americano com a missão de ir entregar o carro que conduz ao outro lado do estado. A viagem é longa e o cansaço começa a fazer sentir-se. Ao fechar os olhos por breves momentos, Jim apanha grande susto ao deparar-se com um camião à sua frente. Contudo, consegue ter sangue frio e os reflexos necessários para evitar a morte.
Após este valente susto, Jim vê uma pessoa na berma da estrada a pedir boleia. Por momentos hesita entre parar ou continuar. No entanto, esta hesitação dura pouco tempo e Jim acha que precisa de uma companhia para falar e evitar sustos como o que teve anteriormente.
“My mother told me to never do this” é com esta frase de boas-vindas e em jeito de brincadeira que Jim abre a porta do seu carro a este desconhecido.
Esta frase memorável é bastante familiar a todos nós. Realmente, se há coisa que as nossas mães nos dizem desde pequenos é “não fales com estranhos” e a mãe de Jim certamente lhe deve ter dito o mesmo. Infelizmente, Jim não seguiu este conselho e acaba de cometer o maior erro da sua vida.
O homem a quem Jim dá boleia é John Ryder (Rutger Hauer), um individuo com um ar misterioso. Jim tenta puxar conversa mas Ryder é de poucas palavras, o que deixa o jovem embaraçado e cada vez menos à vontade no seu próprio carro.
John Ryder: Gas stations have cigarettes.
Jim Halsey: What about gas?
John Ryder: I don't need gas.
Jim Halsey: What do you want?
Jim Halsey: What's so funny?
John Ryder: [Stops Laughing] That's what the other guy said.
Jim Halsey: What other guy?
John Ryder: That guy back there, the one we just passed. The guy who picked me up before you did.
Jim Halsey: That was him in there?
John Ryder: Sure it was. He couldn't have walked very far.
Jim Halsey: Why's that?
John Ryder: Because I cut off his legs... and his arms... and his Head. And I'm going to do the same to you.
Jim Halsey: What about gas?
John Ryder: I don't need gas.
Jim Halsey: What do you want?
Jim Halsey: What's so funny?
John Ryder: [Stops Laughing] That's what the other guy said.
Jim Halsey: What other guy?
John Ryder: That guy back there, the one we just passed. The guy who picked me up before you did.
Jim Halsey: That was him in there?
John Ryder: Sure it was. He couldn't have walked very far.
Jim Halsey: Why's that?
John Ryder: Because I cut off his legs... and his arms... and his Head. And I'm going to do the same to you.
Com a conversa a ficar cada vez mais estranha e assustadora, o jovem Jim começa a perceber que foi uma má ideia deixar entrar aquele homem no carro e convida-o a sair. Infelizmente para Jim é tarde de mais e John Ryder recusa-se a sair. De forma intimidante diz mesmo que “I'm going to sit here. And you're going to drive.”
Jim está agora prestes a entrar numa viagem com um único destino, o inferno. A sua vida está nas mãos deste psicopata. Ao longo desta longa viagem, John Ryder vai-se divertir bastante a matar toda a gente com quem Jim mantêm contacto, deixando ficar este como o principal culpado destes cruéis actos. Conseguirá Jim escapar deste louco e provar a sua inocência?
Apesar de ser um dos filmes mais subestimados dos anos 80, The hitcher é na verdade um thriller raro e bastante inovador em vários aspectos. O filme não perde tempo em detalhes desnecessários que podiam desviar a atenção do espectador. Não se preocupa em explicar as motivações de cada personagem. Exemplo disso é a cena em que Jim procura a Ryder o porquê de ele estar a fazer aquilo, ao que ele responde "You're a smart kid - you figure it out.", estimulando assim cada um de nós a construir as nossas próprias interpretações racionais.
The Hitcher foi a estreia de Robert Harmon como realizador. As filmagens do filme estão perto da perfeição e é fácil perceber que Harmon era fotógrafo antes de se estrear como realizador. Os movimentos de câmara feitos de uma forma tão suave criam uma atmosfera absorvente e garantem um clima de tensão ao longo de todo o filme.
O filme é bastante equilibrado e gere de forma cuidadosa as suas sequências de acção. Temos um posto de gasolina a explodir, uma intensa perseguição de carros da polícia, e ainda a clássica cena em que Jim está a comer batatas fritas. Sobre esta inesquecível cena não me vou alargar em muitos pormenores e nem vou tentar descrevê-la (quem viu o filme sabe exactamente do que estou a falar).
O elenco é sem dúvida um dos pontos fortes deste filme, sem ele este filme nunca teria o impacto que teve. Com uma má escolha de actores, este filme facilmente seria esquecido. Contudo e felizmente fizeram-se as escolhas acertadas e cada elemento correspondeu à altura. Houve outros que foram para além das expectativas, como é o caso da inagualável performance que Rutger Hauer teve neste filme.
Rutger Hauer tem a reputação de interpretar alguns dos vilões mais memoráveis do cinema como por exemplo em Blade Runner e Nighthawks, mas este é sem dúvida o seu melhor desempenho. A sua personagem, John Ryder, não tem qualquer tipo de motivo para fazer o que está a fazer, e é isto que o torna um dos vilões mais doentios da história do cinema. A forma como ele sempre encontra Jim é algo enervante e inexplicável. É quase como que se os caminhos daquela longa estrada tivessem sido feitos para ele se cruzar com o jovem indefeso. Hauer é brilhante na forma como interioriza este personagem. Tem neste filme um daqueles papéis que marca toda uma carreira conseguindo imortalizar esta personagem (John Ryder) na nossa memória. Os diálogos iniciais com Jim são brilhantes. A forma fria e cruel como Hauer se expressa faz-nos suster a respiração por alguns momentos.
C. Thomas Howell, uma das crianças no filme ET, de Steven Spielberg, interpreta o protagonista Jim Halsey. Ele enfrenta o pior pesadelo de qualquer motorista e entrega-se ao papel com realismo.
Por último, mas não menos importante, temos Jennifer Jason Leigh que interpreta Nash, uma jovem rapariga trabalhadora e a única pessoa que acredita em Jim. Apesar do seu curto papel, Jennifer consegue dar o seu contributo e enriquecer o filme, “roubando” em algumas cenas o protagonismo a Howell.
Durante uma hora e meia também nós fazemos parte deste jogo doentio. Uma espécie de jogo do gato atrás do rato, no qual no sentimos impotentes por não conseguirmos ajudar Jim a escapar deste louco. Sem dúvida um dos melhores filmes dos anos 80 que apenas obteve o merecido reconhecimento com o passar dos anos. Hoje em dia é um filme de culto e já serviu como fonte de inspiração a bastantes filmes recentes.
Favorite Quotes:
"What's your name? Come on. What's your name? Do you have a name? Do you have a police record? Where are you from?" - Interrogation Sergeant
"Disneyland" - John Ryder
Curiosidades:
17 anos depois, surge em 2003 “The Hitcher II: I've Been Waiting” a sequela do primeiro filme, desta vez realizado por Louis Morneau mas que conta novamente com C. Thomas Howell.
As expectativas para esta sequela eram elevadas. O jovem Jim é agora um ex-polícia (suspenso devido a excessos de violência) e que vive atormentado com o seu passado. Numa tentativa de ultrapassar o seu trauma, ele decide fazer uma viagem com a sua namorada Maggie (Kari Wuhrer) pela mesma estrada onde há vários anos atrás teve a pior experiência da sua vida. Como seria de esperar, Jim vai novamente dar boleia a um desconhecido (Jack – interpretado por Jake Busey) e o pesadelo vai de novo recomeçar.
Apesar de todos os esforços esta sequela não está nem de perto nem de longe à altura do original de 1986. C. Thomas Howell não se entrega à sua personagem como acontece no primeiro filme. Por seu lado, o novo vilão Jack (Jake Busey) é mais cómico do que assustador e apenas nos faz sentir saudades Rutger Hauer.
Das duas uma ou esta sequela nunca devia ter sido feita, ou então, a ser feita nunca devia ter demorado tanto tempo. Perdeu-se toda a essência do primeiro filme, já para não falar que os anos 80 foram os anos de ouro para este tipo de filmes e faria mais sentido uma sequela dentro desta época.
Depois da medíocre sequela de 2003, surge em 2007 o remake. Parece que com o passar dos tempos alguém se lembra de tentar “assassinar” um filme de culto.
Este remake falha em vários aspectos. Em primeiro lugar a falta de experiência do seu elenco. Arranjaram dois modelos aspirantes a actores sem qualquer tipo de carisma (escolinha “morangos com açucar” versão americana) para assim obter receitas com a Barbie e o Ken a fugirem do “maluquinho” a quem deram boleia. Contudo o “maluquinho” ainda é o único que se safa do elenco. John Ryder interpretado por Sean Bean não chega aos calcanhares de Rutger Hauer, mas dentro das suas possibilidades cumpre o papel.
Um remake claramente direccionado para a “geração MTV” e que envergonha os fãs do filme original de 86. Perdeu-se, como acontece em inúmeros casos, a oportunidade de fazer um remake à altura do filme original.
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